Ateliê do Ferreira



A arte de Ferreira do Ceará
por Pedro Bloch

Ferreira do Ceará. Um fenômeno. Telúrico. Polimórfico. Sua arte brota como uma cascata, corre como um rio, se alteia como uma montanha. Nunca foi ensinado, tudo nasceu de seu encontro com a vida, com o meio, com a natureza. Difícil dizer o que ele realiza. Mais fácil é imaginar o que ele não faz. De onde surgiu aquele seu modernismo? De onde surgiu aquele gosto requintado, antes de conhecer as obras dos outros, antes de, mesmo saber que se podia trabalhar com instrumentos já criados? De onde vem aquela inspiração insopitável, que jorra continuamente e se renova a cada novo trabalho? Mistério insondável. Ele não é um homem diante da natureza, Ferreira é a própria natureza humana, de talentos infinitos que poucos conseguem extravasar.
Mundo é a uma palavra que quer dizer limpo, puro. Basta lembrar o que o imundo quer dizer.
Em Ferreira do Ceará vocês verão um artista puro. Ele faz brotar a ecologia do sentir, a ecologia do humano, a ecologia do talento.
Em sua pureza, em arte, vamos combater a poluição. A camada de ozônio do que sonha e produz, nos protegerá das radiações ameaçadoras.
Já disse Aleixo, poeta quase analfabeto:
“Ser artista é ser alguém.
Que bonito é ser artista!
Ver as coisas mais além
Do que alcança a nossa vista.

A arte é força imanente.
Não se ensina, não se aprende.
Não se compra, não se vende.
Nasce e morre com a gente.
É isso ou não é, Ferreira do Ceará, Ferreira da Criação, Ferreira da força natural, da arte imanente.